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Neuroarquitetura

Neuroarquitetura: saiba o que é e como aplicar

Atualmente, a maioria da população mundial vive em espaços construídos pelo homem. Casas, prédios, escolas, escritórios, indústrias, shoppings. E, ainda que inconscientemente, o ambiente físico e seus elementos afetam nosso bem-estar. Isso é neuroarquitetura!

Ou seja, uma ciência que estuda os espaços físicos além da estética ou funcionalidades. O foco está em avaliar a capacidade que possuem nas emoções, memórias e associações. A comprovação aconteceu por meio de ressonâncias magnéticas e eletroencefalogramas.

Aliás, a descoberta é recente, mas muito necessária. Em suma, podemos definir da seguinte forma: “elementos arquitetônicos ativam gatilhos cerebrais que liberam substâncias que alteram os estados mentais, emocionais e comportamentais”.

O que pode acontecer até mesmo em níveis inconscientes. Então, mesmo que as pessoas não saibam da neuroarquitetura, os profissionais precisam considerar. Assim, podem e devem ver o assunto como forma de criar espaços mais saudáveis, sociais e produtivos.

No IXI Congresso Científico Cultural Interinstitucional, uma pesquisa citou a relação humano-espaço: “A influência do espaço construído no comportamento humano”. Alguns pontos da psicologia ambiental explicaram tais conceitos. Leia esse trecho conclusivo:

“O comportamento humano é influenciado pelo espaço físico. Portanto, o arquiteto, por meio dos projetos e usando artifícios construtivos, pode modificar as sensações e alterar a percepção dos indivíduos. Em consequência, pode-se alterar o comportamento do indivíduo”.

Neste conteúdo, entenda tudo sobre a neuroarquitetura, do conceito à aplicação.

O que é a neuroarquitetura

O que é neuroarquitetura

A arquitetura como fator influente no cérebro humano é outro conceito de neuroarquitetura. Estamos diante de uma disciplina da neurociência aplicada a elementos e padrões de um ambiente físico. E, sim, isso afeta a sociedade.

Entender a neuroarquitetura é reconhecer os efeitos dos ambientes no bem-estar e na saúde (física e emocional) das pessoas. Um assunto necessário para arquitetos, assim como para psicólogos, biólogos e outros profissionais que lidam com a vivência humana.

A neurociência aplicada à arquitetura desenvolve estudos sobre a rotina social de modo a relacioná-la aos espaços arquitetônicos. Assim, cria efeitos como na alteração de humor, na indução de emoções e no estímulo de práticas, por exemplo.

No blog, já falamos como elementos arquitetônicos, realmente, impactam a vida dos moradores. Entre eles, luz, cores e texturas. Como consequência da manipulação de tais fatores, temos a chance de melhorar o bem-estar físico e emocional das pessoas.

A história da neuroarquitetura

Essa é uma disciplina nova porque passou a ser usada somente em 2003. O termo neuroarquitetura, assim como os estudos, veio de dois profissionais. 

O neurocientista Fred Gage e o arquiteto John Paul Eberhard conectaram a capacidade cognitiva do cérebro com o ambiente.

Algum tempo depois, em 2003, fundaram a Academy of Neuroscience and Architecture (ANFA), na Califórnia, Estados Unidos. Atualmente, a academia funciona como uma associação do setor, com assinaturas que partem de 40 dólares anuais.

A partir disso, o assunto tem sido disseminado em escolas de arquitetura e, mais do que isso, tem sido aplicado em projetos construtivos no mundo todo. A cada dois anos, a ANFA faz conferência para divulgar estudos e cases de sucesso, além da troca de conhecimento.

Uma curiosidade é que a neuroarquitetura passou a ser usada como base científica para diversas influências arquitetônicas. Entre elas, a arquitetura gótica e a arquitetura moderna.

No Brasil, ninguém sabe exatamente quando a prática começou a ser adotada. Entretanto, que se sabe é que o interesse dela para estimular o foco e a produtividade em ambientes comerciais aumentou muito. E se tornou objeto de estudos de várias áreas!

Como acontece a neuroarquitetura

Como acontece a neuroarquitetura

Ainda que, no Brasil, o maior objetivo seja criar espaços produtivos para incentivar funcionários, a arquitetura aplicada à ciência possui diversas outras finalidades. Dos projetos de urbanismo até os de arquitetura de interiores.

Para ilustrar como acontece o processo, acompanhe os próximos tópicos:

Pessoas

A primeira aplicação da neuroarquitetura é referente às pessoas. Assim, ao avaliar o público, os projetistas vão ter argumentos necessários para criar percepções únicas. O que pode variar conforme genética, cultura e experiências individuais.

Dessa forma, é importante ver que algumas características do ambiente interno causam reações distintas em grupos. Por isso, é tão necessário entender para quem o projeto está sendo executado.

Objetivo

Em um segundo momento, também deve-se pensar no objetivo da neuroarquitetura. Quais os sentidos serão estimulados? Perguntas como essa são determinantes para que a ciência seja aplicada de forma coerente.

Um espaço que incentiva a criatividade e o lúdico será diferente de um que está sendo feito pensando no foco e na concentração, concorda? Portanto, as configurações espaciais mudam.

Exposição

Quer ver outro fator que importa muito e nem todo mundo avalia? O tempo de exposição no ambiente. Essa é uma premissa necessária para a concretização da ideia dar certo. Na longa exposição, ambientes podem causar até mudanças plásticas no cérebro.

Por isso, uma boa ideia é saber quanto tempo as pessoas ficarão ali. Basicamente, quanto maior o tempo, o efeito causado no usuário também será maior.

Ética

Por último, a ética para praticar a neuroarquitetura. Afinal, para quem leu até aqui ficou claro que os ambientes influenciam os usuários, ainda que de forma inconsciente. 

Portanto, os projetistas têm responsabilidade e devem trazer o melhor efeito para o bem-estar de todos. É um compromisso do profissional com a população. E, caso não seja levado a sério, pode comprometer o aprendizado, a produtividade, a sociabilidade e outros fatores.

Como aplicar a neuroarquitetura

Como aplicar a neuroarquitetura

O tema evoluiu muito nos últimos anos. Ainda assim, não existe um guia único para aplicar a neuroarquitetura nos projetos construtivos. O que temos são dicas e recomendações, que relacionam os conceitos arquitetônicos com as propriedades cerebrais.

Composição

A composição do ambiente considera os espaços usados. Exemplo: podem ser íntimos, permitindo privacidade e individualidade; assim como podem ser de descompressão, para encontros sociais. Isso em um mesmo escritório.

Outro ponto é o layout. Neste caso, considere que hábitos são criados, em boa parte das vezes, de modo inconsciente. Portanto, projete mobiliários e decoração flexíveis para permitir novas configurações.

A organização também é um elemento da composição. Inclusive, podendo até reduzir níveis de ansiedade. Há ainda elementos de natureza que contribuem nesse momento. Ou paisagens, que causam impactos semelhantes, como a madeira.

Visão

Sabia que 25% do córtex é relacionado à visão? O dado é de uma publicação da PUC-Rio. Assim, o cérebro tem uma área dedicada a formas, cores, objetos, figuras e localização. Nesse sentido, a iluminação se torna um detalhe que não pode passar despercebido.

O uso da luz natural é uma tendência porque tem benefícios, especialmente, no humor. Uma das explicações se relaciona com o ciclo circadiano, importante para o sono. E até a posição do sol é uma condicionante. Além disso, é uma ideia sustentável e econômica.

Após a iluminação, as cores. Elas dão atmosfera ao ambiente e guiam a percepção dos usuários. Uma ideia é estudar o círculo cromático e a psicologia das cores. Por exemplo, tons claros ampliam espaços e favorecem a concentração. Os escuros trazem seriedade.

Audição

A audição é um sentido humano que detecta estímulos a quilômetros de distância. Os sons influenciam nossos comportamentos e, portanto, estão inteiramente ligados ao bem-estar. Então, como vai projetar a ambientação sonora no seu espaço?

Em determinadas situações, o nível de ruído pode ajudar, como nas academias. Mas, se for para o trabalho, o maior isolamento acústico talvez seja a melhor ideia. Lembre-se de avaliar público e objetivo para criar um projeto ideal.

Tato

O contato humano estabelece vínculos. O sentido é extremamente estimulante, desde quando somos bebês, diz um estudo da Mackenzie. Logo, a ambientação tátil pode contar com elementos como materiais, texturas e temperatura.

Os tapetes e mobiliários são ótimos exemplos para quem está pensando no tato. Do mesmo modo, pisos podem trazer sensações diferentes para uma construção.

Olfato

O sentido do olfato se conecta ao hipocampo do cérebro, que processa memórias e emoções. Além do hipotálamo, que controla a fome, por exemplo. Só com essa explicação dá para entender a importância de pensar nesse fator.

Em qualquer projeto é comum separar fluxos e isolar espaços com odores desagradáveis. Para ir além do básico, uma ideia é pensar na movimentação dos ventos e redirecionar a fonte para outros locais.

A neuroarquitetura é sobre sentir

Com a aplicação da neuroarquitetura, a abordagem do projeto arquitetônico mudou. Se antes era apenas sobre ver a arquitetura, hoje é muito mais sobre sentir. Ainda que as referências visuais se mantenham, não dá para desconsiderar as sensações.

Alguns especialistas falam em “arquitetura que fala”.

Uma dica para quem está estudando esse tema é fazer anotações sobre as sensações obtidas ao estar em determinados espaços. Se você é profissional da área, vá além: domine os sentidos humanos, necessários na aplicação da neuroarquitetura.

Em um momento que tanto se fala em saúde e bem-estar, é essencial pensar e executar projetos que visam espaços em prol da qualidade de vida. É uma vertente ainda nova, mas totalmente eficiente porque atende a uma demanda focada na experiência do cliente.

Para agregar à neuroarquitetura, leia esse conteúdo complementar: Aprenda a aliar design e sustentabilidade em seus projetos!

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