ESG na construção civil: o que você precisa saber
Há uma crescente curiosidade quanto ao ESG na construção civil. O termo, que é oriundo do mercado financeiro, tem sido buscado pelo setor para assegurar maiores investimentos e o alcance das expectativas e demandas.
Por isso, neste artigo reunimos as principais informações sobre o ESG, seus impactos e como ele pode ser aplicado na construção civil.
Boa leitura!
Mas afinal, o que é ESG na construção civil?
O ESG na construção civil refere-se aos impactos que o setor pode causar a diferentes áreas da sociedade. O termo é derivado do inglês Environment, Social e Governance, que, em português, significa meio ambiente, desenvolvimento social e governança.
Esses tópicos servem de critério de avaliação na construção civil, e em qualquer área, para garantir um desenvolvimento de projetos mais justos, conscientes e responsáveis com os recursos naturais e comunidades onde estão inseridos.
O conceito surgiu em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, a Who Cares Wins. Aqui o secretário da ONU realizou uma provocação sobre como integrar esses fatores (ambientais, sociais e de governança) no mercado de capitais.
Na mesma época, foi lançado o relatório Freshfield, da UNEP-FI, que mostrava a importância da integração de fatores ESG para avaliação financeira. A partir desses marcos, os critérios ESG passaram a ser valorizados no mercado financeiro.
Portanto, as empresas que seguiam esses fatores começaram a receber maiores investimentos e possibilidades de parcerias. Com isso, o termo vem crescendo e chamando a atenção em diferentes áreas de atuação.
Entretanto, na construção civil, o ESG possui um impacto ainda maior devido aos efeitos gerados pelo projeto ao meio ambiente, as comunidades no entorno e a segurança no trabalho, por exemplo.
Aqui falamos do consumo irresponsável de recursos naturais que, segundo o GBC Brasil, a construção de edificações consome até 75% de todos eles do planeta!
Além desse efeito, citamos as mudanças climáticas, as alterações das características do solo, eliminação de áreas de sol e vegetação, e muito mais. Sem contar a poluição do ar e sonora que também afetam a população daquela região.
Portanto, o ESG na construção civil é mais do que uma tendência. É, atualmente, uma condição necessária para o desenvolvimento de empreendimentos mais responsáveis.
Qual é o impacto dessa tendência no setor?
Ainda conforme o CGB BRASIL, com o ESG é possível reduzir em 40% o consumo de água, 30% o de energia elétrica, 35% a emissão de dióxido de carbono e 65% a geração de resíduos.
Mas para além dos efeitos positivos na preservação do meio ambiente, podemos citar os impactos ao valor da construtora. Isto é, vimos que o ESG é o principal critério para investimentos, garantir maior evolução mercadológica e financeira.
Da mesma forma que contribui com o aumento das possibilidades de subsídios e pressão regulatória. E seguir esses fatores também auxilia na aquisição de licenças e autorizações, contribuindo para a facilidade da construção.
Para acrescentar, o ESG tem gerado efeitos significativos na percepção do consumidor quanto à seleção de serviços.
Segundo a McKinsey, 70% deles disseram que pagariam 5% a mais por um produto verde se ele atendesse aos mesmos padrões de desempenho de uma alternativa não verde.
E ainda, de acordo com os dados da CREA-SP, citados pelo Portal DOS, os projetos de construção sustentável tiveram um crescimento de 25,7% no ano de 2020. Por isso, hoje o Brasil é o quinto país do mundo com maior número de construções ESG, conforme afirmam as informações da CIB, apontados pelo Estadão.
Por fim, é possível comentar que, com o ESG na construção civil, há um aumento na produtividade dos funcionários. Afinal, a alta concorrência gerada por essa cultura, ajuda a atrair e reter talentos mais qualificados, motivados e engajados.
Em resumo, afirmamos que o ESG é o responsável por garantir:
- Alto performance;
- Desempenho financeiro;
- Melhora na relação com os stakeholders;
- Maior preservação do meio ambiente;
- Colabora com a garantia de direitos sociais;
- Contribui para o bem-estar dos clientes, colaboradores e comunidades;
- Aprimora e mobiliza todo o ecossistema do setor.
Como aplicar essa cultura?
Diante do que foi apresentado até então, separamos a seguir dicas de como aplicar o ESG na construção civil com base nos três pilares do conceito. Continue a leitura para conferir!
Governança
O pilar de Governança diz respeito à transparência, ética, igualdade e desenvolvimento de liderança em qualquer organização. Aqui o intuito é garantir líderes que apoiam e contribuem para o avanço dos profissionais e de toda a organização, com respeito e conscientização.
Para isso, deve-se construir um sistema interno de práticas, ações, controles e processos que colaboram com a tomada de decisões eficazes, cumprindo com a lei e atendendo às necessidades dos stakeholders.
É importante encontrar o equilíbrio entre direitos, responsabilidades e expectativas com todos os envolvidos no projeto.
Na construção civil, portanto, é preciso implementar soluções que promovam aumento da diversidade nos cargos de gestão, que tenha equidade de salário e que o “poder” seja descentralizado.
Além disso, é essencial promover segurança e conforto aos colaboradores, garantir bem-estar e investir em capacitação coletiva para contribuir com a evolução profissional.
Assim como também é fundamental rastrear o processo produtivo de fornecedores e parceiros para garantir que sejam realizados com base na responsabilidade e na ética. Por isso, deve-se avaliá-los para além dos preços.
Tudo isso precisa ser comunicado e compartilhado de maneira clara e transparente para os investidores e todos os envolvidos.
Social
Já os fatores sociais correspondem aos relacionamentos da organização e a sua reputação com pessoas, instituições e comunidades. São analisadas as relações de trabalho, diversidade, inclusão e direitos humanos.
Para praticar o ESG na construção civil é fundamental a criação de políticas de segurança e saúde para os trabalhadores e comunidades locais.
Há como implementar programas de diversidade e igualdade de gênero, desenvolvimento social, mobilidade urbana, coleta seletiva, incentivo a ações sociais que diminuam a distância entre as oportunidades para cada pessoa, investimento em ensino básico ou saneamento, por exemplo, e muitas outras ações.
E tudo isso pode, e deve, ser realizado com o apoio dos colaboradores. O objetivo é integrá-los à sociedade e comunidade no entorno, reforçando seus efeitos na vida de cada um.
Meio ambiente
Por fim, o pilar do meio ambiente aborda o uso consciente de recursos naturais e a preservação dos mesmos, além dos impactos ecológicos da construção. Ou seja, trata da responsabilidade sustentável dos meios que uma organização necessita para manter suas operações.
Logo, aqui devem ser praticadas atividades que reduzam a diminuição das emissões de CO2, economia de energia e água, gestão correta de resíduos, eliminação de desperdícios e uso de materiais ecologicamente eficientes.
Aqui podemos citar as madeira plásticas como exemplo de material verde. Elas são excelentes opções à madeira comum. São fabricadas de materiais recicláveis e resíduos plásticos, gerando impactos positivos ao desempenho e ao meio ambiente.